27/11/2011

The Coast Guard (2002)



  De uma quimera máscula, varonil, pela fátua e inocente ideia de honra influenciada pelos papos de exército, um soldado mais dedicado que os outros, camba em flagelo. A queda é irreversível.

  O filme mostra isso de uma maneira emocionante, com poucos talhos de culminância e trilha sonora belíssima, pela mesclagem de agrura, delgadeza, alvura e candidez. Sem esquecer do lado sórdido e violento. A fusão de tudo isso com a personagem principal e uma outra também afetada pela tragédia, é desoladora e capaz de ser envolvente por tratar de sentimentos comuns e bojos, que vão de um extremo à outro, como inocência e perca, amor e ódio, sonho e decadência. Deixando manifesto que o filme não se sente obrigado a tratar todos esses assuntos com abissalidade, mas contar uma história com força maior no sentimento de culpa, algo que a obra teve a sabedoria de causar um interessante embate entre o cumprimento do dever de um soldado, o cataclismo do povo local e a reflexão de todas essas consequências direcionadas à ele (o herói causador). A fita mostra ainda mais que não saber administrar esses assuntos, não ser diretor de si mesmo, tem negativações celsas para o ser humano, caso o mesmo caia em desgraça.

  Não considerei os civis propriamente vítimas, pois abusam e subestimam demais a força militar dessa península, por essa razão eles são os genuínos culpados, entretanto, o filme consegue provocar este dilema de interrogar as autoridades coreanas, como manter a vigia noturna contra os espiões (que ostensivelmente nem mais existem) e assassinar apenas para ser condecorado e licenciado, mesmo sabendo que são civis que invadiram a área; a partir daí a gente consegue ver um lado pusilânime e corrupto por parte da ordenança, dando margem à críticas, um bom equilíbrio entre ambos os lados. Seguindo uma rota simples e passando aos poucos à uma vereda cada vez mais complicada, causando até suspeita de um delírio coletivo surgido pelo trauma do acontecimento; nem vou me aventurar a resenhar essa parte porque viajei um pouco ou o filme deixa isso em aberto pela sofisticação do roteiro e direção. Ótimos empenhos também do ator Dong-Gun Jang e atriz Ji-a Park, os principais do longa.

  Entendido como o mais fraco filme de Kim Ki-duk por alguns, classificação que, de fato, não compreendi e não concordo nem um pouco. Achei ótimo, envolvente e com um final muito sensível, adregando que dá para fazer belos dramas com histórias de exército, embora a beleza aqui seja nada esperançosa.

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