06/12/2011

Pedro, O Negro (1964)



  Estágio típico de um jovem em composição, fase que irá lhe definir homem, responsável, chefe de família. Um pouco mais da abertura do filme fica notável a apatia de Pedro (Petr, no original), sua falta de discernimento é cômica e seria uma maldade dizer que é um estado normal dessa idade.

  Pedro é um adolescente corriqueiro como qualquer outro, débil em umas situações e sarcástico em outras. Ele parece raciocinar desprovido de aval próprio, faz o que lhe mandam sem medidas, talvez efeito de um desinteresse profundo ou inibição. Precisa passar por importantes reformas, que são guiadas pelo seu censor pai, inclusive o ator Jan Vostrcil que fez a personagem paterna, usurpa para si todas as cenas que está presente, que segundo informações nem era um intérprete por profissão e sim, líder de uma banda musical. O singelo motivo disso é pelas ótimas cadências que mostrou em tela, fazendo muito bem o papel de um pai protetor e experiente, cuja personagem representava a marca conservadora e crítica do sistema, mostrando ter bastante conteúdo como consequencia de tanto esforço em manter a condição familiar. “Suporte isso por um ou dois anos e será um homem.” Ou seja, o peso de uma boa vida, a responsabilidade que isso exige é tratado como valor de todos, como irrefutáveis, mesmo que algumas vezes devemos fazer o que não gostamos. Achei a comicidade em “Cerný Petr” (título na República Tcheca) um pouco parecida com a de “Os Amores de Uma Loira”, segundo longa-metragem do Milos Forman, embora aqui beire um pouco uma engraçada insanidade, a cena do “Oi” é uma das melhores e mais hilárias do filme. Sinceramente, nem tem muita comparação entre ambos em qualidade, mesmo tendo bases semelhantes.

  Esqueça a denotação racista que o título leva a entender, pois o sentido é outro nesse bom trabalho. Ainda na época da Nouvelle Vague, movimento de bastante relevância ao Cinema, “Pedro, O Negro” mantém as graças de sua burlesquidade e suave, disfarçada crítica social. O final é curioso ao extremo, dá força a uma pergunta que estagnava a geração, deixando sem resposta até mesmo os mais atentos. A película granjeou o galardão de Melhor Filme no Festival Internacional de Locano (Suíça) em 1964 e o cineasta ganhou como Melhor Diretor Estrangeiro no Jussi Awards (Finlândia) em 1967. Um bom filme e merece ser conferido.



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