12/12/2011

Um Animal Menor (2009)

Curta-metragem

  Excelente curta-metragem brasileiro. Um trabalho cuidadosamente realizado, cativante, com uma trama tensa, réproba, egoísta, carcereira, não só das personagens, mas também pela capacidade em envolver, sugar pela estória, mantendo a proposta até seu término, sem se desorientar.

  Uma das qualidades notórias de “Um Animal Menor” é a fusão de singeleza e profissionalismo (tanto pelo rumo técnico assim como a forma de conduzir as filmagens), por ter uma trama simples e mesmo assim ser bastante convincente, conseguindo prender pela curiosidade do desfecho, atinar as motivações das personagens (afinal, porque ambas estão naquela situação?). Igualmente, a figura antagonista, que nem precisa de introdução, apenas pelo clima e maneira suavemente insólita, paradoxal, de interagir com a “vítima”, reforça tudo isso em seu decorrer. Aliás, as duas figuras não necessitam de prévia apresentação, isso já ocorre à medida que o tempo passa. A mulher, sem saber, ficou presa em uma cratéra e o garoto fica ali com ela, e pronto. Mesmo pela ausência de dados sobre o que gerou aquela sufocante condição, não enfraquece o magnetismo do filme. Ótima atmosfera lúgubre e erma trabalhada, dando azos à vazios existências, o que em aparência é genuíno, não esquece de enfatizar a corda falsa da confiaça, de que tudo aquilo pode ser ilusório ou um pesadelo interminável. Quiçá, o que negativa um pouco esse bom curta, seja alguns diálogos desnecessariamente instrutivos, por exemplo: “Você precisa comer para não morrer de fome!!”. Dado estado deplorável, dizer “Você precisa comer!!” já é o bastante, inculca mais respeito, austeridade e controle. Atitude exemplar também, que é muito gratificante para quem aprecia Cinema, é exibir os bastidores, mostrando um pouco sobre como foi feito. “Um Animal Menor” tem Making Of de Arte, Montagem, Direção, Fotografia e Produção, tudo isso está disponibilizado no YouTube.

  Caso não tenha visto o curta, não leia mais a partir daqui. Uma interpretação que pode ser alcançada em seu final, é o estudo dos delírios de um menino deprimido e isolado. A água do poço representava o reflexo de sua tristeza, criando imaginariamente uma mulher que lograva ter domínio, até sexual. Os insultos que ela mirava na verdade eram produtos de sua autocrítica, era ele discutindo com si próprio, com seu modo de viver. A corda figurava-se o caminho de tirá-lo do poço, da mesmice, da pena que tinha si e emular com bravura as peripécias da vida. Lógico que isso é apenas um ponto de vista, assim como existem outros, pois a missiva é aberta.


2 comentários:

Alan disse...

Li cinco linhas e decidi que verei. Valeu Sombra!

Mr. Discípulo disse...

Espero que goste. :)